Arte Barroca

O Barroco é a expressão artística dominante no século XVI / XVII na Europa e deixa resquícios na arte brasileira do período. Fruto da Contrarreforma o estilo Barroco incorpora as contradições oriundas de duas fontes distintas: a fé medieval x a racionalidade renascentista.
A Europa do século XVII reflete a crise religiosa do século anterior. O homem europeu se vê dividido entre duas forças opostas: o antropocentrismo e o teocentrismo. Resultado dessa tentativa de conciliar forças opostas: a dualidade da arte, que passa, em todas as modalidades artísticas, a revelar o conflito existencial entre espirito x material, fé x razão, Deus x Diabo, céu x inferno…
Ao exagero arquitetônico, ao luxo das igrejas, se somam os contrates de cores na pintura, as variações fônicas na música e o uso excessivo de figuras de linguagem na literatura: antíteses, paradoxos, oximoros, metáforas, alegorias, rebuscamento por meio do hipérbato e a construção que envolve a linha de raciocínio, o conceptismo e o rebuscar total das palavras do Cultismo.

Arte Barroca no Brasil
No Brasil nossos principais representantes: na prosa, por meio dos sermões, o português Padre Antônio Vieira e na poesia o irreverente Gregório de Matos Guerra.
Padre Antônio Vieira apresenta a arte Barroca por meio de sermões. Um estilo rebuscado, com desenvolvimento de um jogo de raciocínio intenso e de palavras. Os temas revelam um posicionamento não apenas religioso, mas político e social. Vieira ganhou a antipatia da Inquisição, inclusive preso, ao defender o retorno dos judeus, perseguidos pelo tribunal, ao território português, para driblar a crise econômica. No Brasil, combateu com radicalismo a escravização dos índios.
Cabe informar que a arte Barroca no Brasil passa a ser uma “cópia” da arte europeia; não havia no pais uma representação religiosa forte e marcante como havia na Europa, Portugal e Espanha, por exemplo. Isso permite o aparecimento de uma arte inovadora e fora dos padrões barrocos como a do poeta Gregório de Matos Guerra, que, apesar de ser o representante da poesia lírica sacra, amorosa e filosófica, dentro dos moldes do Barroco europeu, passa a produzir uma obra originalíssima e peculiar, a produção satírica.
Esse tipo de produção é que dá ao poeta o cognome de Boca do Inferno. Gregório de Matos Guerra, apresenta um retrato da Bahia seiscentista, enfocando os desvios religiosos, econômicos, sexuais… revelando o papel do negro, do mulato, do nobre, do índio, personagens que compunham o registro étnico e cultural do Brasil. Ideia mais tarde retomada em pleno Modernismo brasileiro por Oswald de Andrade e Mario de Andrade.
Adino José Cardoso